terça-feira, 29 de abril de 2008

Anecy




4 comentários:

Paulo Barbosa disse...

Permita-me um comentário à maneira de Roland Barthes. Em seus desenhos, gosto de algo que vai muito além da paisagem. Gosto, aqui, do modo como dão forma ao sentimento que preside a gênese, física e espiritual, das cenas retratadas. Não sei definir esse sentimento: nostalgia? Melancolia? Serenidade? (Mas seria necessário defini-lo?) Fenômenos atmosféricos fizeram surgir um castelo bem ali adiante. Agora ele é matéria plástica, e isso me enreda na estranha recordação de um passado, triste e grandioso, que nunca houve: as formas me convencem disso. O que terá levado aquele cão até ao dique, para latir tão solitariamente para a lua? Que terá acontecido na rotina daquelas senhoras gordas para pararem de pensar na feira de mais tarde e se entregarem à contemplação das ondas? O tempo parou e, no lugar do tempo, agora só há a memória fugidia de uma realidade grávida de sentidos, num aeroporto poeirento. Molhado até os ossos, no meio da chuva torrencial e à noite, entrego-me à contemplação de faróis que iluminam a tempestade. Não sei onde estou, sei apenas que estou perdido nas ruas de um lugar úmido, frio, mas que me reserva algumas promessas. Esse lugar não existe, mas me sinto como se, dele, fosse uma parte inseparável.

Portrait disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Barbosa disse...

Não vamos confundir as coisas, Portrait! Sou apenas um analista barthesiano, nada mais. Recomendo a leitura do semiólogo, especialmente dos textos em que ele "lê" a obra de Saul Steinberg. É isso aí!

Licida disse...

Nossa, Paulo!! ate copie tudo isso!!ia falar pra vc, que vc ia adorar o curso que fiz com a Lilia Schwarcz: Lendo Imagens, mas acho que pra vc ia ser como aqueles programas do Discovery Kids "bola: redondo" sabe?
adorei!!!!bjs